ANIMAIS ESQUISITOS

O almiqui


O almiqui "era" um animal pequerrucho com muitos picos disseminados pelo corpo, entre o seu longo pêlo castanho que os encobria. Era noctívago e, durante o dia, não saía da sua toca, o que fez com que a maior parte da gente nunca na vida lhe tivesse posto a vista em cima. Tinha um nariz rosado, muito comprido e aguçado, que se prolongava uns bons centímetros para além do maxilar inferior, onde terminava a boca cheia de dentes aguçados. Alimentava-se de larvas e insectos e, pelo que se deduz, estava preparado para comer uma grande gama dessa bicharada, desde a jovem e tenra lagarta até à velha e dura barata.

Para dar uma melhor ideia da sua forma, o almiqui era um tanto parecido com o nosso também arredio texugo, que leva, como ele levava, uma vida recatada, longe das luzes e dos olhares, em especial, de quem se deita com as galinhas.

O almiqui, cientificamente conhecido por "Solenedon cubanus", vivia na ilha de Cuba e a partir de 1972 desapareceu da província de Guantanamo, onde os americanos têm umas territas, para, em 1999, deixar de ser visto na província de Holguin, onde acabou por totalmente desaparecer. O abate da floresta, para dar lugar ao cultivo mais rentável da cana-de-açúcar, expô-lo, apesar dos picos, aos predadores mais fortes e gulosos que foram ceando a altas horas até acabarem com o pitéu.

Notícias fidedignas, frescas e muito agradáveis, dizem-me que, naquela mesma província de Holguin, foi há pouco visto um, logo apanhado pelos veterinários que lhe fizeram um completo "check-up" que o deu como inteiramente apto para ser livre e viver feliz. Soltaram-no no seu velho "habitat" e espera-se que recomece a proliferação de almiquis, todos a viverem uma vida normal, em paz e liberdade, como as outras espécies.

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